13 de outubro de 2009

Abril despedaçado


Direção: Walter Salles
Fotografia: Walter Carvalho

Ano: 2001

Obras cinematográficas são ferramentas incríveis. Cada filme, assim como cada ferramenta, tem o poder de realizar um trabalho especifico, e no caso dos filmes esse trabalho é realizado na alma. O serviço executado por esta obra de Walter Salles é o de aguçar os sentidos da alma.
O enredo carregado de lirismo, de uma poesia tristemente esperançosa, amplia a visão. Arregalando nossos olhos, fazendo-nos enxergar que, como bem diz Pacu, somos como os bois a mover a moenda, girando e girando sem ir alugar algum. Presos em um círculo sem saber o porque, mas tendo a certeza -sabe lá de onde vem essa certeza- que não podemos parar.
Guia nosso tato, remarca nossa pele. Deixa nossa alma pronta a sentir o leve toque dos mais diversos sentimentos, desde o riso de quem só chora -e por isso só faz chorar-, até o azedo rancor amarelado, encardido que teima em ficar apesar do passar do tempo.
Nos torna atentos ao doce cheiro da fantasia. Se o homem é o sal da terra, a fantasia há de ser o sal do homem. Traz a fragância doce e suave do lembrar das boas histórias, dos bons sonhos que nos permitem continuar a pensar no mar mesmo no meio do deserto.
Apura o paladar para que este prove não só a fria vingança, mas também a paixão, prato servido quente. E ainda nos faz ouvir aquele canto, aquele que lembra o das sereias, que nos faz mudar de rota. O canto que nos guia por um novo caminho, para uma mudança que nos desasna.
Agora sinto minha alma mais preparada para sobreviver, quem sabe um dia terei ela pronta para viver? O cinema vai me ajudar com certeza.

2 comentários:

Anônimo disse...

Talvez cada alma precise de algo que a faça sobreviver. Algo que lhe desperte os sentidos e faça a ver o mundo e as coisas de um jeito particular. Por um texto, dizem, pode se ler a alma do autor.
Com o cinema, com certeza, não é muito diferente [*poesia para os olhos].

bjo, bjo, bjo...

obs.: seis meses... nada mal. Esperarei confiante até o próximo abril. rs.

Victor disse...

Uma frase sua soa muito verdade: o Cinema ajuda a sobreviver. E acho que alguns filmes na nossa vida não só nos preparam pra isso, como também para viver. Belas palavras. E belo filme também, um dos melhores feitos no Brasil nos últimos anos.

PS: Sou lá da PUC também!