20 de abril de 2009

Antes da Chuva

Antes da Chuva (Before The Rain) - 1994
Diretor: Milcho Manchevski.
Fotografia: Manu Teran.

Timer never dies, The circle is not round (O tempo nunca morre, o circulo não é redondo). è com essa frase que Micho Manchevski guia o seu espectador através desse fascinante filme , tendo como veiculo uma bela fotografia assinada por Teran que se vale de enquadramentos muito bem feitos para nos lançar ao encontro da natureza humana expressa na obra.
Se valendo dos recursos da montagem dialética e de um roteiro que caminha pelo tempo sem preocupação alguma de ser linear, formando assim um circulo incompleto de tempo/espaço, Manchevski projeta na tela as atitudes incosequentes e incoerentes do Ser Humano, que revela sua selvageria fugindo da ética e correndo para a intolerancia cultural.
Para tal, o diretor/roteirista nascido em Skopje, capital da Macedônia, usa como cenário o seu belo país e como contexto o conflito entres macedônios e albaneses -conflito este que, no filme, faz com que macedônios matem apenas macedônios e albaneses matem apenas albaneses- por um lado e a inglaterra com sua aparente paz pelo outro. Esses cenários se distanciam pelas suas diferenças de percepção de tempo e pela forma como a cultura é imposta, contudo manchevski os aproxima quando se trata das mazelas 'enjoativas' que ocorrem seja num seja no outro, da chuva que está por vir, da música consumida, entre outros fatores.
Impossível para mim não ver nesse longa metragem um diálogo com a Genial obra de D.W Griffith em seu filme Intolerância(1916), seja pelo estilo de narrativa não linear que se vale de diferentes contos para pintar um painel, um todo, seja pelo tema que ainda é, desde os tempos da Babilônia até hoje, as atitudes do Ser Humano para com o ser humano, mostrando que o circulo nunca se fecha, o tempo nunca morre.
No entanto a obra do macedônio nos mostra que em todos os tempos e em todo o lugar a chuva sempre está para chegar, sempre está sendo anunciada, e nós sempre ouvimos esse anúncio e nos refugiamos dela, evitamos essa chuva para que ela não nos molhe, não altere nosso estado mas Manchevski nos convida a ficarmos na chuva para que renovemos nossos pensamentos observando o erro que cometemos e que agora esta morto, tendo alegria em sentir a alma sendo lavada pelos primeiros pingos e deixando de lado a secura de certos sentimentos pelo refrigério de outros mais brandos.
Sem Dúvida Milcho Manchevski nos deu uma bela obra que pode ser vista diversas vezes sem que seu sentido seja esgotado, nos deu material suficiente para que façamos como a oprimida garota albanesa que não se esconde antes da chuva, pelo contrário, recebe com os braços abertos as primeiras gotas, talvez na esperança que elas possam purificar sua alma.